Fotos - Autoridades avaliam situação do Acampamento Claudete Vive e buscam soluções equilibradas




Clique aqui para ver as fotos

No último dia 29 de junho de 2023, o Acampamento Claudete Vive, localizado em Boa Ventura de São Roque, foi palco de uma visita histórica de autoridades em busca de soluções para a situação do assentamento. O objetivo principal foi permitir que juízes e desembargadores conhecessem de perto a realidade da comunidade, a fim de embasar suas decisões sobre a entrega do assentamento aos assentados ou a reintegração do imóvel ao proprietário da fazenda, Rocha Loures.

Antes mesmo da chegada das autoridades, a comunidade do Acampamento Claudete Vive recebeu com entusiasmo pessoas vindas de diversos lugares, incluindo outras comunidades de Boa Ventura, como assentamentos de cidades vizinhas, entre elas Santa Maria do Oeste e Cândido de Abreu. Esse apoio demonstrou a solidariedade e união entre as comunidades rurais da região.

Para fortalecer os laços e oferecer uma refeição saudável, ao meio-dia foi servido um almoço com alimentos produzidos pelo próprio acampamento, evidenciando a qualidade dos produtos locais.

Por volta das 15h, as autoridades chegaram ao acampamento, trazendo consigo a expectativa de diálogo e entendimento. Dentre os presentes estavam:


  • advogado das famílias assentadas, Diorlei dos Santos
  • juiz da Vara Cível de Pitanga, Gabriel Lima
  • advogados Adroaldo Rosa Neto e Marília Pedroso Xavier, representando o proprietário
  • Fernando Prazeres, desembargador e presidente da Comissão de Conflitos Fundiários
  • Roland Rutyna, superintendente da SUDIS (Diálogo e Interação do Governo do Paraná)
  • João Vitor Rozatti Longhi, defensor do Núcleo Itinerante das Questões Fundiárias e Urbanísticas
  • Claudinei Chalito da Silva, engenheiro agrônomo e conciliador agrário do INCRA, 
  • Aliene Bertoncello, representante do Cáritas em Boa Ventura.


Em uma comovente manifestação artística, os moradores do acampamento, incluindo as crianças, expressaram a importância dos produtos cultivados localmente, ressaltando que o assentamento é um ambiente produtivo que garante qualidade de vida. Além disso, abordaram a triste história de Claudete, uma moradora do acampamento que perdeu sua vida e a de seu filho devido à negligência hospitalar durante a gestação.

Após a emocionante apresentação artística, as autoridades presentes tiveram a oportunidade de se pronunciar, assim como os representantes do poder público local.


O superintendente da SUDIS enfatizou a necessidade de encontrar um consenso e um equilíbrio entre as partes.

O juiz Gabriel Lima destacou que sua visita tinha como objetivo principal conhecer a realidade atual do assentamento. Ele mencionou que, inicialmente, houve um deferimento de reintegração de posse, mas posteriormente foi suspensa. Agora, busca-se o diálogo com todas as partes envolvidas, garantindo que a voz da comunidade seja ouvida. O juiz ressaltou que esse conflito é apenas o primeiro passo para o entendimento mútuo e as negociações que buscarão alcançar uma solução que traga felicidade a todos.


O engenheiro agrônomo e conciliador agrário do INCRA, Claudinei Chalito, ressaltou a importância de conhecer o imóvel e mencionou que, em âmbito nacional, está sendo debatida a não criminalização da luta pela terra. Ele destacou a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o direito de propriedade e a qualidade de vida, colocando o INCRA à disposição para buscar uma solução justa.


O representante da Defensoria Pública enfatizou a importância de contar com advogados representando ambas as partes, a fim de garantir uma solução que atenda a todos. ele agradeceu a presença do INCRA e reforçaram a abertura para o diálogo constante.


Durante as discussões, Valdemar, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacou o progresso alcançado nos últimos anos e expressou esperança de que as famílias assentadas alcancem suas prioridades, proporcionando um ambiente adequado para o crescimento das crianças. O MST apresentou uma proposta para um assentamento bem estruturado, com diversos espaços destinados à cultura, conhecimento e desenvolvimento da vocação agrícola do assentamento, que é a produção de alimentos saudáveis. Essa proposta visa fornecer alimentos livres de agrotóxicos, prejudiciais à saúde, além de preservar o meio ambiente e garantir uma vida digna aos assentados.


Fernando Prazeres, desembargador, destacou a importância da presença do órgão nessa questão. Ele afirmou que todos os envolvidos foram convidados para uma conversa franca e aberta, incluindo representantes dos poderes executivo e legislativo. Todos os esforços serão feitos para promover um diálogo construtivo e resolver o conflito de maneira ordenada. Embora o resultado ainda seja incerto em termos de tempo e natureza, a busca por uma solução equilibrada está em andamento.


Antônio Cardoso, liderança do acampamento, ressaltou a importância desse evento e das conversas com as autoridades para a continuidade do assentamento. Ele expressou esperança de que tudo corra bem e que o assentamento se torne um local com acesso à moradia digna, serviços de saúde e educação que atendam às necessidades da comunidade.


Os advogados representantes do proprietário agradeceram a recepção por parte das familias e expressaram confiança em encontrar uma solução que seja benéfica para todas as partes envolvidas. 

O advogado das famílias assentadas também agradeceu a presença dos advogados do proprietário e enfatizou que a melhor forma de resolver esse conflito é por meio do consenso, acreditando que é dessa maneira que a solução será alcançada.


Além das discussões e pronunciamentos, durante o evento, mais de 1500 kg de cestas com alimentos produzidos pelos assentados foram doados à organização Cáritas. Essa ação solidária tem como objetivo beneficiar aqueles que necessitam de apoio alimentar na região, evidenciando a solidariedade presente na comunidade.


A visita das autoridades, juntamente com os debates e manifestações realizados, evidenciam a importância de buscar soluções justas e equilibradas para a situação do Assentamento Claudete Vive. A esperança de um diálogo franco e construtivo alimenta os envolvidos, visando a construção de um futuro em que os assentados possam desfrutar de uma vida digna e sustentável, promovendo a produção de alimentos saudáveis e preservando o meio ambiente.

Comentários